Cinqüenta e seis grupos culturais e 29 artistas foram identificados na Bomba do Hemetério, bairro na zona norte do Recife (PE), pelo Programa Bombando Cidadania, do Instituto Wal-Mart com apoio metodológico do Iadh. A relação, que conta com atividades, segmentos artísticos, representantes, contato, telefone, e-mail, endereço, data de fundação, parcerias e fontes de financiamento, foi validada em plenária com o coletivo cultural da comunidade, em outubro de 2008.
O levantamento levou em consideração dois critérios principais: a) estar localizado na comunidade da Bomba do Hemetério ou nas adjacências, desde que possua conexão/diálogo com a Bomba; b) ter legitimidade e reconhecimento da comunidade ou do segmento artístico do qual faz parte. Para a identificação, foram realizadas visitas às sedes dos grupos e entrevistas por telefone.
De acordo com a técnica do Iadh e responsável por este trabalho, Karina Zapata, ficou evidente a atuação individualista dos grupos e artistas da comunidade. “Não há uma compreensão sobre a importância de se pensar o coletivo, de cooperar para competir, de diversificar os serviços e produtos artísticos para ampliar o catálogo cultural do bairro”, diz a técnica. O instituto também detectou que a maioria dos artistas e grupos culturais está cooptado por vereadores ou candidatos, além da ausência de equipamentos públicos para desenvolvimento de atividades lúdicas, culturais e de coesão social e carência de espaços físicos disponíveis para implantação de centros culturais que reúnam as produções artísticas locais.
“Apesar dessa realidade adversa, há uma intensa produção artística local e uma clareza por parte dos grupos sobre o rico potencial cultural existente na Bomba do Hemetério e de que a cultura é, de fato, a vocação principal da comunidade”, coloca Karina Zapata. Segundo ela, o levantamento não é estanque, mas um processo contínuo e permanente, já que a cada dia surgem novos grupos e artistas. “O diagnóstico deste cenário contribuiu fortemente para a mobilização do coletivo cultural e para o desenvolvimento de ações e estratégias compatíveis a cada um dos segmentos artísticos existentes na região”, diz.
Durante as visitas e entrevistas, também foi feito um trabalho de sensibilização sobre temas que permeiam o universo do desenvolvimento cultural comunitário, como a construção do projeto cultural coletivo do bairro, a partir da organização dos grupos culturais, da cooperação, qualificação e diversificação dos serviços e produtos artísticos.
Por Le Fil Comunicação Digital